Criminosos se passam por médicos e tentam extorquir família no Pará

Por nota, o Hospital Universitário João de Barros Barreto informou que tem conhecimento de denúncias como essa e as encaminhou para a Polícia Federal

Familiares de uma paciente que estava internada no Hospital Universitário João de Barros Barreto (HUJBB), localizado no bairro do Guamá, em Belém, procuraram a Polícia Civil nesta terça-feira (9) para denunciar um suposto caso de estelionato. Segundo a denunciante, que é neta da paciente e terá seu nome preservado nesta reportagem por questões de segurança, criminosos estão se passando por médicos do HUJBB para aplicar o “golpe da internação”.

De acordo com a denunciante, mo​radora de Abaetetuba, nordeste paraense, após um paciente receber alta hospitalar, os criminosos ligam para a família informando que houve um erro e que o mesmo não deveria ter sido liberado. Alegam que, devido à urgência do procedimento e à burocracia do sistema de saúde público, o hospital não pode realizar uma nova admissão da mesma pessoa. Feito isso, indicam uma clínica parceira para onde o paciente deve ser transferido urgentemente. Os criminosos, então, fornecem uma chave pix para que a família transfira dinheiro para eles, garantindo assim uma vaga nessa clínica.

Para a realização do pagamento, o falso médico solicitou que a denunciante enviasse a quantia de R$ 1.300,00 via pix, cuja chave era um CPF, para um indivíduo identificado como “Jhonatan”. Suspeitando da situação, a denunciante se recusou a realizar qualquer transação financeira sem consultar os demais membros da família, uma vez que ela era apenas neta da paciente.

O desenrolar dos acontecimentos levou a denunciante a perceber que se tratava de um golpe. Além disso, após uma breve investigação, descobriu-se que o CPF fornecido pertence a um indivíduo com histórico criminal, respondendo a processos judiciais pelo crime de tortura no estado do Mato Grosso.

À reportagem do Grupo Liberal, a denunciante relembrou detalhes do contato telefônico feito pelos criminosos. A pessoa do outro lado da linha se identificou como o “Dr. Paulo”, alegando ser cardiologista no Hospital Barros Barreto. A foto de perfil do suposto médico correspondia à de um profissional da área. “Ele disse também que o hospital não podia fazer esse procedimento imediatamente e que ele tinha conseguido uma parceria com uma clínica, que eu acho que ele inventou o nome, e me pediu um valor. E assim: pressionando para que eu tomasse a decisão na hora. Eu disse que não poderia porque são onze filhos e eu teria que comunicar a eles e não poderia transferir nenhum valor antes disso”, relembrou a denunciante.

“No final das contas era um golpe e a gente foi percebendo conforme a gente foi conversando com a pessoa. O problema é o seguinte. É que essas pessoas estavam ligando para vários pacientes do hospital e, segundo o que me informaram do hospital, não foi hackeado o sistema. Então, é alguém do próprio Barros Barreto, ou funcionário que esteja infiltrado lá. Eu não sei se tem acesso ao prontuário dos pacientes”, alertou.

O que diz a Polícia Civil?

Procurada pela reportagem do Grupo Liberal, a Polícia Civil informou, por meio de nota, que o caso foi registrado e é investigado pela delegacia de Abaetetuba. “A PC possui uma Delegacia Especializada em Investigação de Estelionato e Outras Fraudes (DEOF), ligada à Divisão de Investigações e Operações Especiais (DIOE). As denúncias podem ser feitas em delegacias ou on-line pela Delegacia Virtual. (https://www.delegaciavirtual.pa.gov.br)”, orientou a PC.

O que diz o Hospital Universitário João de Barros Barreto?

Já o Hospital Universitário João de Barros Barreto, integrante do Complexo Hospitalar da UFPA/Ebserh (CHU-UFPA/Ebserh), informou que é um hospital 100% SUS, sendo os seus serviços inteiramente gratuitos. “Não cobramos por nenhum tipo de atendimento e/ou procedimento”, assegurou.

“Recebemos a notícia e já esclarecemos que se trata de GOLPE com o intuito de enganar pacientes, seus familiares e acompanhantes, por meio de cobranças indevidas com a justificativa de continuidade de tratamento”, reforçou.

“Ressaltamos ainda que o caso já foi oficialmente encaminhado à investigação da Polícia Federal e, internamente, seguimos realizando campanhas periódicas sobre a gratuidade dos serviços por meio de cartazes e canhotos nos documentos de consultas e exames”.

“O CHU-UFPA adota medidas de proteção de dados que visam a integridade, por meio da identificação única dos profissionais nos sistemas. E não há relatos de invasão em nossa base de dados”.

“Orientamos à população, que caso seja recebido qualquer pedido de pagamento pelos serviços hospitalares, esse não seja efetuado. Pedimos que seja feito o registro em Boletim de Ocorrência junto à Polícia e no site FalaBR, essa última para acompanhamento da Ouvidoria do hospital”.  (Com Oliberal)

Relacionados

Postagens Relacionadas

Nenhum encontrado

Cadastre-se e receba notificações de novas postagens!