Covid-19: Máscaras especiais evitam uso de respiradores no Hospital Municipal de Marabá

Há cerca de 15 dias, o Hospital Municipal de Marabá (HMM) passou a contar com máscaras especiais no tratamento de pacientes da Covid-19 que apresentam acometimento pulmonar.

As máscaras de mergulho são adaptadas e estão sendo utilizadas para a realização de ventilação não invasiva, melhorando os níveis de oxigenação e diminuição do desconforto respiratório do paciente, evitando assim a intubação.

Ao todo, seis destes equipamentos foram doados ao HMM pela Organização Não-Governamental (ONG) Expedicionários da Saúde (EDS), com sede em Campinas (SP). A doação faz parte da missão desenvolvida pela EDS durante essa pandemia no país, sobretudo no norte. Hospitais de Belém, Santarém, Manaus, São Paulo e Rio de Janeiro também já utilizam as máscaras.

De acordo com Victor Luiz de Paula Souza, voluntário na ONG, a partir da máscara de mergulho foi criada uma solução de ventilação não invasiva, que é um importante tratamento nos casos de covid-19.

Segundo Souza, a solução é simples, econômica e eficiente na medida em que tem ajudado pacientes de todo o Brasil a se recuperarem mais rápido sem a necessidade, na maioria dos casos, de serem conduzidos para uma terapia invasiva, ou seja, que depende de respiradores artificiais.

“Elas podem ser utilizadas em enfermarias comuns ou hospitais de campanha com menor nível de especialização das equipes de saúde. A vantagem da máscara em relação aos equipamentos tradicionais é que ela filtra todo o ar respirado pelo paciente gerando menos risco de transmissão do vírus para os profissionais de saúde”, esclarece o voluntário da EDS.

No HMM, três pessoas já conseguiram se recuperar com a ajuda das máscaras. A restrição é somente para os casos de pacientes com nível de consciência rebaixado e insuficiência respiratória grave, como explica a fisioterapeuta Thaynara Mesquita Gomes.

Ela enfatiza que parte dos pacientes com Covid-19 acaba desenvolvendo complicações pulmonares, por isso, a ventilação não invasiva é utilizada logo no início do tratamento a fim de melhorar a capacidade pulmonar deles.

“Utilizando essas máscaras à gente já conseguiu ver uma melhora importante no quadro dos pacientes evitando que fosse realizado a intubação orotraqueal, o que aumenta o risco de mortalidade. Percebemos uma melhora significativa e conseguimos acelerar a alta hospitalar dos pacientes” explica a profissional de saúde.

Para a médica intensivista Tatiana Carvalho, a chegada das máscaras foi importante para o município no combate a covid-19.

“A ventilação não invasiva é uma alternativa aos pacientes em insuficiência respiratória orotraqueal antes de progredir para uma intubação. Sem dúvida, a doação das máscaras com o uso em vários hospitais, foi extremamente importante pra nós em Marabá. Foi um ganho muito grande pra nossa cidade e contribui bastante na luta contra a covid-19”, afirma a médica.

Vale ressaltar que a intubação é um procedimento pelo qual o médico introduz um tubo na traqueia do paciente, através da boca ou do nariz, para mantê-lo respirando quando alguma condição impede sua respiração espontânea.

Doações

As máscaras de mergulho adaptadas são produzidas e doadas pela Decathlon/ Motiro e distribuídas por Expedicionários da Saúde/Saúde Alegria/ Solidários da Saúde, ONGs, que contribuem com os serviços de saúde na Amazônia.

O primeiro lote de 2.200 máscaras foi entregue ao SUS, sem custo. O equipamento é adaptado para ventilação não invasiva, de uso possível em áreas remotas.

Victor Luiz de Paula Souza, voluntário da Associação Expedicionários da Saúde (EDS), explica que a ideia surgiu na Itália e no Brasil foi adaptada à realidade local pelo grupo Motiro.

A engenheira de produção mecânica, Adriana Miralles Schleder, professora na Unesp, destaca que o grupo Motiro é formado por 18 profissionais das diversas áreas tais como, engenheiros, advogados, médicos e fisioterapeutas.

E também contam com a parceria com empresas privadas na doação de materiais e serviços para adaptação dos equipamentos.

Para o engenheiro mecânico Alexandre Barbosa, também voluntário do projeto, a solução é adequada tanto do ponto de vista do paciente, quanto do profissional, por isso agora a ideia é aumentar o número de doações de máscaras para a ONG trabalhar na adaptação das mesmas.

“A gente vai precisar de parcerias que possa nos ajudar porque a gente quer manter a filosofia de entregar, o máximo de máscaras gratuitamente para o SUS”, comenta o engenheiro.

PMM – Assessoria de Comunicação

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