Congresso aprova processo de impeachment contra presidente do Peru

Pedro Castillo é investigado por acusações de conspiração e tráfico de influência em contratos do governo para obras públicas.

O Congresso do Peru aprovou, nesta segunda-feira (14), por 76 votos a 41, o processo de impeachment contra o presidente do país, Pedro Castillo. Os parlamentares de oposição lideraram a votação, e agora Castillo deve apresentar sua defesa ao parlamento no dia 28 de março.

Para conseguirem interromper o mandato de Castillo após a conclusão do julgamento, os parlamentares irão precisar de ao menos 87 votos. No início de dezembro, o atual presidente conseguiu se livrar da abertura de um processo de impeachment, já que apenas 46 de 52 parlamentares necessários votaram a favor naquela ocasião.

De lá para cá, Castillo mergulhou em uma crise política e de popularidade, respondendo a acusações de conspiração e tráfico de influência em casos relacionados a contratos do governo para a realização de obras públicas. Cinco ex-presidentes do Peru foram formalmente investigados por corrupção nos últimos anos.

Em janeiro, o procurador-geral do Peru, Daniel Soria, abriu uma investigação preliminar e anunciou o inquérito sobre Castillo devido a reuniões que o presidente realizou com representantes de empresas que competem por concessões para construir uma ponte na região amazônica e por outra pela venda de combustível para a estatal Petroperu, segundo uma nota da procuradoria no Twitter.

O presidente viu sua popularidade cair para 26% desde que assumiu o cargo, de acordo com uma pesquisa da Ipsos divulgada no fim de semana. Os parlamentares de oposição estão se concentrando no testemunho de um lobista que alegou aos promotores que Castillo se envolveu em atos irregulares.

A tentativa de impeachment é promovida principalmente por três partidos de direita, incluindo o Força Popular, liderado pela ex-candidata presidencial Keiko Fujimori, que perdeu as eleições do ano passado para Castillo.

O atual presidente do Peru tomou posse no fim de julho do ano passado, após um processo eleitoral que contou com mais de um mês e meio de apuração dos resultados das urnas. Castillo ficou à frente da candidata da direita Keiko Fujimori por somente 44 mil votos.

Após as últimas eleições, no entanto, o Congresso peruano passou a ser liderado pela oposição. A votação elegeu uma equipe chefiada pela parlamentar de centro María del Carmen Alva, do partido Ação Popular, com 69 votos. Alva, eleita presidente do Congresso, teve um apoio importante do partido de direita Força Popular, de Keiko Fujimori.

Turbulência política constante no Peru

Com menos de um ano de mandato, Castillo pode ser o terceiro presidente peruano a sofrer impeachment em apenas três anos. O ex-presidente Pedro Pablo Kuczynski, renunciou durante seu processo de destituição, em 2018. Já Martín Vizcarra, foi afastado pelo Congresso em 2020.

Em novembro de 2020, o Peru contou com três mandatários diferentes em apenas uma semana: Vizcarra, saindo em 10 de novembro, Manuel Merino, presidente do Congresso, que ficou por apenas cinco dias e pediu renúncia em 15 de novembro, e Francisco Sasgasti, eleito pelo Congresso, que assumiu no dia 16 de novembro e ficou no poder até julho de 2021, quando Castillo começou a exercer o cargo definitivamente.

Quem é Pedro Castillo

Pedro Castillo Terrones, de 51 anos, nasceu na região de Cajamarca e é professor. O símbolo do partido Peru Livre, o qual é filiado, é um lápis. Tem mestrado em psicologia educacional e desde 1995 leciona na província de Chota, em Cajamarca.

Até 2017, fez parte do partido Peru Possível, fundado pelo ex-presidente Alejandro Toledo, que é prisioneiro nos Estados Unidos por uma ordem de extradição, após o judiciário do Peru ordenar, em 2017, prisão preventiva por suposto envolvimento em subornos com a Odebrecht. Acusações que foram negadas pelo ex-presidente.

Como sindicalista, Castillo foi um dos líderes em uma greve de professores durante o governo de Pedro Pablo Kuczynski. Castillo foi acusado de ser aliado de membros da polêmica organização Movadef, indicada pela polícia como braço político do grupo de guerrilha peruano, algo que eles negam. Pedro Castillo negou fazer parte do Movadef.

Castillo é definido como um lutador social e à época das eleições dizia que iria terminar com os conflitos sociais. Segundo Vladmir Cerrón, secretário-geral do partido Peru Livre, representa a posição mais antiga da esquerda peruana.

A parte econômica de seu plano de governo defende que seus parâmetros foram retirados da experiência governamental da República plurinacional da Bolívia e da República do Equador. Castillo foi eleito defendendo a nacionalização dos setores de mineração, hidroenergia, comunicações entre outros. (CNN e Reuters)

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