Cigarro é o principal causador de câncer de pulmão

Alerta: o consumo do tabaco não afeta só o fumante ativo, mas também o passivo

Os efeitos nocivos e letais do uso do tabaco à saúde não são nenhuma novidade. No Brasil, 428 pessoas morrem por dia por causa da dependência a nicotina, segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca). Assim como o tabagismo, a exposição ao fumo passivo também está associada ao desenvolvimento de câncer de pulmão. A enfermidade é o segundo tipo de câncer mais comum em mulheres e homens brasileiros, excluindo o câncer de pele não melanoma. 

Durante este mês, a campanha Agosto Branco visa a prevenção e a conscientização para este tipo de câncer na tentativa de reduzir a taxa de incidência. O cirurgião torácico do Hospital Ophir Loyola, Antonio Bomfim, afirma que 90% dos pacientes com câncer de pulmão ou fumam ou fumaram em algum momento da vida.  

“Não existe nível seguro de exposição à fumaça, os fumantes ativos e passivos estão expostos a mais de 7 mil compostos e substâncias químicas e, no mínimo, 69 provocam câncer. Mesmo aqueles que fumaram pouco têm o risco aumentado de desenvolver a doença no futuro. Outros 10% estão relacionados a fatores ambientais, como a exposição à poluição e o processo de envelhecimento”, adverte.

O cirurgião torácico alerta que o consumo do tabaco não afeta só o fumante ativo, mas também o passivo. “A fumaça que o fumante ativo traga é geralmente com filtro enquanto a do fumante passivo é sem filtro; então, dependendo do grau de exposição, às vezes, é até mais prejudicial ao passivo do que para o ativo”, afirma. 

A Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa) informa que o câncer de pulmão é um dos tumores malignos mais comuns e sua incidência cresce 2% ao ano, segundo o Inca. Em todo o Pará, foram registrados 79 casos em 2017; 161 casos em 2018; 144 casos em 2019 e, neste ano, até maio, 43 casos – segundo dados do Painel Oncologia, do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (Datasus). 

O tabaco também é fator de risco para vários tipos de câncer, como da cavidade oral, laringe, faringe, esôfago, estômago, pâncreas, fígado, rim, bexiga, colo do útero e leucemias. Além das neoplasias malignas, diversas doenças estão relacionadas ao consumo de derivados do tabaco, dentre elas as pulmonares obstrutivas crônicas como a bronquite e o enfisema pulmonar.

“Aquele que parar de fumar hoje terá um risco menor de ter câncer se comparado ao paciente que deixará de fumar daqui a dez anos, mas o risco sempre vai ser maior em relação à população não tabagista. É importante deixar de fumar o quanto antes para que o risco não seja tão alto no futuro”, orienta Antonio Bomfim.

Cuidados

O câncer de pulmão é o tipo que mais mata no mundo, tem uma taxa de letalidade muito alta. Apenas 15% dos pacientes chegam ao cirurgião em fase curável, 85% busca atendimento em fases mais avançadas. Isso ocorre porque em fase inicial é assintomático. Normalmente, o indivíduo passar por uma avaliação médica associada a exames específicos e tem um resultado sugestivo para câncer de pulmão. 

“Esse paciente é que tem o maior potencial de cura, faz exames para investigar outras situações e tem um achado pulmonar. É aquele fumante que passa por check-up ou realiza uma tomografia, por exemplo, devido à Covid-19, que mostra um nódulo no pulmão”, diz o especialista ao esclarecer que o exame mais indicado para o rastreamento desse tipo de tumor é a tomografia de tórax.

Antonio Bomfim é cirurgião torácico do Hospital Ophir Loyola

Sintomas

As manifestações mais comuns estão diretamente relacionadas ao crescimento do tumor, como sangramento, dor torácica, falta de ar e tosse com sangue. Existem ainda os sintomas de metástase à distância, como fratura de um osso por causa de uma metástase óssea, convulsão por causa de uma metástase cerebral e perda de peso.

É necessário fazer o diagnóstico histológico e o estadiamento (determinação da localização e extensão) da doença para a definição do melhor tratamento. De uma forma geral, pode ser feito com cirurgia, quimioterapia ou radioterapia, associadas ou não. “Em fases iniciais, a indicação é cirúrgica. Um tumor com menos de dois centímetros tem 90% de chances de cura, caso não tenha foco do câncer em outro local. Aqui, realizamos cirurgias de alta complexidade por técnica minimamente invasiva e com grandes benefícios ao paciente”, destaca o cirurgião torácico.

Além desses aspectos que envolvem cigarro, o especialista chama atenção para o contexto atual epidemiológico decorrente da pandemia do novo coronavírus. Ele destaca que tanto o paciente oncológico quanto o tabagista são mais propensos a desenvolverem a forma mais grave de Covid-19.

A doença proveniente do novo coronavírus ataca inflamando os pulmões e prejudica ainda mais o tabagista que já tem o pulmão cronicamente inflamado. “No momento em que a Covid-19 exige um esforço maior para respirar, ele não tem reserva pulmonar. A taxa de mortalidade é acentuada para pacientes com esse perfil que necessitam de cuidados intensivos”, avisa.

Fonte: Agência Pará

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