Um dia após a abertura oficial do Círio de Nossa Senhora de Nazaré, no dia 5 de outubro, Jairo Tapajós, que fazia parte da Guarda de Nazaré há cinco anos, recebeu a notícia de que havia sido expulso da organização por ter levado uma imagem da santa a um terreiro de umbanda, em Belém. Ele disse que o motivo da expulsão pode ter sido intolerância religiosa.
O g1 procurou a Guarda de Nazaré para esclarecer o fato, mas não obteve retorno até a última atualização da reportagem. A Arquidiocese de Belém informou que a manifestação sobre o caso cabe apenas à Guarda. Não houve registro de boletim de ocorrência, até então.
A Guarda de Nossa Senhora de Nazaré é um grupo de voluntários, que atua o ano inteiro em missas e eventos da Basílica Santuário de Belém. São também agentes que tentam preservar e isolar a imagem de Nazaré durante a programação do Círio. O grupo existe há 47 anos e, em 2019, foi considerada Patrimônio Cultural e Imaterial do Pará.
“Intolerância religiosa”
Segundo Jairo, servidor público de 38 anos, a expulsão ocorreu após uma reportagem de um portal de notícias local que falava sobre a intensificação das peregrinações e homenagens, vindas de diversas fés religiosas, nas vésperas do Círio.
O ex-guarda havia abençoado a imagem da santa no dia 23 de setembro durante a missa do ‘Mandato’, considerada o primeiro evento da programação do Círio, para fazer peregrinação nos lares e grupos de pessoas.
No dia 28 de setembro, a convite da amiga e mãe de santo, Mametu Nagentu, Jairo organizou uma visita da imagem abençoada para receber uma homenagem no terreiro de umbanda Nangetu Mansú Masubando, localizado na travessa Pirajás, no bairro da Pedreira, em Belém.
De acordo com Jairo, não há normativa na Guarda de Nazaré que proíba visitação de guardas sem uniforme em outros templos religiosos. O material foi publicado no dia 29 de setembro e, sete dias depois, 6 de outubro, Jairo recebeu uma mensagem no celular para comparecer de imediato à sala da Guarda, no bairro de Nazaré.
Jairo conta que a reação que teve no momento foi de choque total. Ele não tentou reivindicar novo posicionamento e voltou para casa após a decisão, que partiu do padre Francisco Cavalcante.
“Para eles, com uniforme ou sem uniforme nós somos Guardas de Nazaré. Impedindo a visitação a outros irmãos religiosos promove intolerância religiosa, confirmada com a minha expulsão”, acrescentou. (G1 Pará)