Candidata do Pará é lotada para fazer prova do Enem no Maranhão

Aylla de Souza, de 17 anos, vai ter que adiar o sonho de fazer o Enem pela primeira vez neste domingo, 5. A estudante do interior do Pará é um dos 50 mil prejudicados por erro na lotação da prova deste ano no Brasil.

Quase 400 km separam Aylla de Souza do sonho de realizar o Enem pela primeira vez neste domingo (5). A candidata, de 17 anos, é moradora de Capitão Poço, interior localizado no nordeste do Pará, mas foi lotada para realizar a prova em uma escola de São Luís, no estado do Maranhão. O caso é um dos 50 mil registrados pelo Inep de erro de distribuição dos inscritos para fazer a aplicação do Enem.

De acordo com levantamento do Inep, dos cerca de 4 milhões de estudantes que farão Enem este ano, 1% teve problemas com o local das provas. Pelas regras, são admitidas distâncias de no máximo de 30 km entre o local de moradia do aluno e o local de realização da prova.

 

Aylla, que pretende cursar Letras Língua Inglesa, relata que estranhou ao ver o local da prova, por não reconhecer o nome da escola. Ao perguntar para a mãe, essa também não soube responder onde seria. Ao consultar, então, o site do Enem, elas viram que o local de prova ficava em outro estado.

“Ficamos desesperadas pensando: ‘e agora?’. Ficamos sem entender nada, porque fizemos a inscrição juntas. Moramos no município de Garrafão do Norte e a opção para local de prova na região só há uma, que é no município a 22 km daqui chamado Capitão Poço”, diz.

A inscrição de Aylla foi feita com auxílio de sua mãe, Alaine Priscila de Sousa, que relata que a confusão pode ter sido causada pela naturalidade da filha, que nasceu no Maranhão.

“Viemos para o Pará, Aylla tinha cinco anos, e desde então mora aqui. Fez toda a trajetória escolar no Pará. Eu acho que simplesmente eles pegaram a naturalidade dela de nascimento e jogaram o local de prova pra São Luís do Maranhão”, diz.

Dois dias depois, a estudante viu reportagem que relatava que vários outros candidatos estavam na mesma situação que Aylla. Neste momento, a mãe da candidata chegou a registrar uma reclamação formal no site do Inep, mas conta que não obteve nenhum retorno até agora, véspera da prova.

Inscrição de Aylla mostra local de realização do Enem em instituição de São Luís do Maranhão — Foto: Reprodução

Inscrição de Aylla mostra local de realização do Enem em instituição de São Luís do Maranhão — Foto: Reprodução

Alaine diz que o erro causou grande frustração e insegurança, já que o Inep levou dias para informar publicamente sobre os erros e mais ainda para anunciar que soluções seriam providenciadas.

“Eu não sei como foi que isso aconteceu. Foi revoltante, sabe? Eu fiquei desesperada” diz.

“Está com um bocado de dia que eu estou tentando entrar em contato com o Fala BR [plataforma online do Governo Federal para solicitar acesso à informação, fazer denúncias, elogios, reclamações, solicitações], mas ninguém me responde nada. Só agora saiu essa nota do Inep em que eles vão realocar essas pessoas”, queixa-se.

Aylla conta que vem estudando para o Enem em dupla jornada: pela manhã, cursa o Ensino Médio regular, e faz cursinho focado na prova às terças-feiras, além de ajudar a mãe das tarefas domésticas.

Para a estudante, a situação é mais um desafio a ser enfrentado na jornada de ter acesso ao ensino superior. “Os desafios são grandes porque o município em que moro fica a distância 280 km da capital. Então pra alcançar esse objetivo da aprovação no vestibular terei que enfrentar vários desafios, mas tenho fé que conseguirei”, diz.

Segundo o ministro da Educação, Camilo Santana, os estudantes prejudicados com local de prova distante terão a oportunidade de fazer a prova na reaplicação de 12 e 13 de dezembro. O governo afirma que a segurança do exame está garantida. (Portal Debate, com g1 Pará)

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