BR-153 e BR-316, no Pará, estão entre as mais perigosas do Brasil

Total da mortes nos 18 quilômetros iniciais da BR-316 supera as ocorrências de 2020

Estudo da Confederação Nacional do Transporte (CNT) indica que 59% da malha viária de mais de 1,7 milhão de quilômetros no Brasil apresentam problemas estruturais, e as cinco rodovias mais perigosas (com maior quantidade de acidentes em 2020) são a BR-116, BR-101, BR-153, BR-381 e BR-316. A BR-153, a Belém-Brasília, apresenta-se na terceira posição, cruza oito estados do País, a partir do Pará e com final no Rio Grande do Sul. Foram verificados 282 óbitos no trecho em 2020.

Já na BR-316, a quinta entre as mais perigosas, é a via de entrada e saída de Belém, registrou, em 2020, 193 vítimas. Essa estrada estende-se por 2.054 quilômetros de extensão, do Pará até Alagoas. Na BR-316, a quantidade de óbitos nos primeiros 18 quilômetros até agora em 2021 já é maior que o registrado em 2020.

Gravidade

O Departamento de Trânsito do Estado informa: “Em 2020, foram registrados 450 acidentes e sete óbitos nos 18 primeiros km da rodovia BR-316. Em 2021, até o momento, foram registrados 224 acidentes e nove óbitos neste mesmo trecho. Entre as principais causas de acidentes estão a falta de atenção e excesso de velocidade”.

O Detran mantém equipes de fiscalização 24h por dia no monitoramento da rodovia, além de instalar controladores de velocidade na área. Já o trabalho da Coordenadoria de Educação do órgão atua em vários projetos, na capital e no interior, como cursos de capacitação, agentes multiplicadores de educação para o trânsito e blitz educativa para conscientizar os condutores sobre os principais fatores de risco nas vias, como a alcoolemia, uso do celular, não uso do capacete, excesso de velocidade e não uso do cinto de segurança, como repassa o Departamento.

Ainda na quarta-feira (18) um acidente na rodovia BR-316, no sentido Marituba-Belém, chocou os paraenses. Uma família tinha acabado de sair de um condomíno onde morava quando o carro em que transitava foi colhido por uma carreta. Mãe e filho de apenas dois meses de idade faleceram na hora. O pai, em estado de choque, foi levado do local do fato

Sob risco

A reportagem contatou com representantes de categorias que atuam diariamente nas rodovias e confirmou o risco a que estão expostos condutores de veículos.

Para Edilberto Santos, conhecido como “Ventania”, dirigente do Sindicato dos Trabalhadores de Cargas do Pará (Sintracarpa), concorda com  a gravidade referente as duas estradas. “Ambas têm sinalização deficiente; defendo que nas áreas metropolitanas deveria haver sinalização. Daqui do Norte para o Sul, não tem estrada com sinalização boa”, afirma. Edilberto observa que as rodovias apresentam muitos buracos, o que sempre se constitui em perigo de acidentes.

O sindicalista cobra maior apoio aos caminhoneiros por parte dos órgãos públicos. Ele conta que muitas empresas adotam a contratação de segurança para cobrir situações nas quais um caminhoneiro cai em um buraco ou fura pneu em um trecho crítico da estrada. Muitos profissionais deixam de rodar no começo da noite para evitar acidentes e assaltos. “Para melhorar a situação das estradas, tem que se investir na sinalização das rodovias e em obras como tapa-buraco e pavimentação asfática, e isso é um trabalho a ser feito pelo Governo Federal”, completa Edilberto Santos.

Falhas

Para o presidente do Sindicato dos Transportadores Rodoviários  de Bens no Pará (Sindicam), Eurico Tadeu Santos,  “é preocupante a situação das das rodovias”. Ele enfatiza que  “a fiscalização é falha, o pontos de fiscalização são distantes, e um dos problemas que se tem é o da alta velocidade”. “Muito condutor de veículo não cumpre o limite de velocidade, rodam à noite, tem também o cansaço e o excesso de peso da carga”, afirma.

Eurico observa que  nas estradas não há balanças para cargas. Ele defende que seja feita fiscalização nas empresas, nos tacógrafos, para se coibir  o excesso de velocidade e outras irregularidades. “Muitos acidentes são provocados por falha humana, imprudência, e envolve todo tipo de veículos. Por exemplo, na saída de Belém pela BR-316, muita gente costuma dirigir devagar pela esquerda e busca ultrapassar pela direita, ou seja, fazendo o contrário do que indica a legislação, e aí se tem acidentes. Falta cumprir a lei”, assevera. Eurico Tadeu ressalta que falta melhor sinalização de trânsito, há muitas lombadas físicas sem sinalização e buracos nas rodovias.

Com 27 anos como motorista profissional, Valdinor Schneider, 49 anos, conhece bem as rodovias 153 e 316. “Eu nunca sofri acidente, mas já vi muitos nessas duas rodovias. Digo que as causas principais para isso são excesso de velocidade, de peso e de jornada de trabalho de motoristas empregados. Falta sinalização melhor nas duas estradas para melhorar a a siuação”, afirma. Para Schneider, as chances de acidentes nessas rodovias é na faixa de 80%. (O Liberal)

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