Alunos e professores ameaçam levar ‘sala de aula’ para o ‘meio da rua’ em Marabá

Há 4 anos, o telhado do prédio vem caindo aos pouco

A Escola Estadual de Ensino Integral Plínio Pinheiro, em Marabá, sudeste do Pará, não possui o serviço de coordenação e orientação pedagógicas, há 4 anos, prejudicando diretamente o trabalho dos professores e o acompanhamento pedagógico e social de mais de 400 alunos, no bairro Marabá Pioneira.

Cansados de tanto esperar uma solução para o problema e desacreditados em relação a Secretaria de Estado de Educação (Seduc) e direção da 4ª Unidade Regional de Ensino (4ª Ure), professores e alunos decidiram ‘radicalizar’ e chamar a atenção, mais uma vez, para as demandas existentes na unidade escolar.

Local selecionado para montagem da sala de aula

Sala ‘no meio da rua’

Durante uma reunião realizada, no dia 17/3/2020, ficou decidido que se a Seduc não resolver os problemas da falta de pessoal e reforma da escola, professores irão ministrar aula no ‘meio da rua’. “Já escolhemos até o local, onde o trânsito será interrompido para montagem da sala. Utilizaremos o largo da Rua Antônio Maia com a Travessa Santa Teresinha”, afirmaram os mestres.

Caso os problemas não sejam solucionados, durante a suspensão das aulas, devido a pandemia do coronavírus, docentes e discentes garantiram que a sala de aula vai parar no meio da rua, no bairro Velha Marabá. “Já que nunca conseguem resolver nossos problemas, daremos ciência ao mundo da existência deles”, garantiu um aluno do 3º ano.

Telhado desabou, interditando todo o pavilhão

Telhado caiu

No ano de 2017, a então Secretária Estadual de Educação, governo Simão Jatene, Ana Cláudia Hage, visitou a unidade escolar e prometeu resolver os problemas na estrutura do prédio, porém nada foi feito. De lá para cá, a Seduc nunca conseguiu licitar o prédio para reforma e ampliação, apesar da Escola Plínio Pinheiro ser chamada de ‘Escola de Ensino Integral’.

Condições de uso dos banheiros masculino e feminino

Em fevereiro de 2020, já no governo Helder Barbalho, a ex-secretária adjunta da Seduc, Ana Paula, esteve na escola, viu todos os problemas existentes, prometeu resolvê-los, foi exonerada, porém não solucionou nada. No início de 2019, após a queda de parte do telhado, os próprios professores tiveram que subir, trocar o madeiramento e retelhar o prédio, onde funciona o bloco administrativo.

O muro esconde uma triste realidade no centro comercial de Marabá

Prédio caiu

Desde 2016, parte do telhado da unidade de ensino vem caindo aos pouco. Os estudantes não possuem laboratório de informática, laboratório multidisciplinar e biblioteca, pois o telhado, paredes e forro vieram abaixo devido a falta de manutenção. Os banheiros, nem se fala. Todos estão sem condições de uso.

Buracos existentes na cisterna deixam a água exposta

A água consumida pelos alunos é armazenada em uma cisterna, a céu aberto, e sem nenhuma potabilidade. Segundo os servidores, há mais de 5 anos que a cisterna não é higienizada. Os professores pagaram, em 2019, pela manutenção e instalação de um filtro para o bebedouro dos alunos. Antes, vigias e professores buscavam água no bairro “Cabelo Seco” para os alunos consumirem no dia a dia.

As centrais de ar estão velhas e precisam de substituição

Centrais de ar

“A comunidade escolar pintou as salas de aula e fez a manutenção da maioria das centrais, pagando do próprio bolso, em junho de 2019”, afirma o Prof. Pedro Souza. “Hoje, em torno de 70% das centrais de ar não funcionam”. Uma vergonha para uma modalidade de ensino de tempo integral”, completou. Os aparelhos de ar foram instalados há 10 anos.

Central de água velha e sem condições de uso

Professores e alunos ‘bancam’ a escola

Realização de bingos e rifas para manter a Plínio Pinheiro funcionando é atividade rotineira. “A nossa escola só tem de bonito o muro porque a Prefeitura de Marabá realizou uma pintura em 2019. Uma vergonha para o governo do Pará”, reclamou uma aluna do 2º ano do ensino médio. Para piorar a situação, no início do mês de março (2020), o telhado do auditório cedeu, podendo despencar a qualquer momento.

Algo precisa ser feito pela Secretaria de Educação do Pará, pois o muro bonito esconde uma ‘espelunca’ dentro do bairro mais movimentado de Marabá. Os professores já estão cansados de tirar do próprio bolso para bancar as atividades da escola. Na campanha eleitoral, em 2018, Helder Barbalho garantiu mudar a qualidade do ensino no Pará, mas infelizmente a educação piorou.

Quadra de esportes pequena e sem as mínimas condições de uso

Quadra de esportes

Pequena, velha e carcomida, essa é a situação da quadra poliesportiva. Em uma unidade de ensino, a quadra de esportes funciona como uma sala, pois nela são ministradas as aulas de educação física e realizado os eventos da comunidade escolar. “A nossa quadra parece uma caixa de sapato velha”, protestou o Prof. Evandro Oliveira.

Recurso destinado para a reforma da escola não chegou a Marabá

“Dinheiro sumiu”

Na terça-feira (17), dois técnicos da Auditoria Geral do Estado (AGE) visitaram a escola Plínio Pinheiro para fiscalizar uma suposta reforma em andamento. Para espanto do Conselho Escolar, os fiscais afirmaram que o recurso foi liberado e sacado para execução da reforma da unidade escolar. Onde o recurso foi parar, ninguém sabe porque na escola Plínio Pinheiro ele não chegou.

Professores utilizam outros espaços da comunidade para ministrar aulas

Conselho Escolar

O Portal Debate Carajás manteve contato com o Prof. Patrick Lee, presidente do Conselho Escolar, sobre a intenção de alunos e professores estarem se mobilizando para realizar a manifestação, por ocasião do retorno das aulas. Ele afirmou que qualquer luta por melhorias será sempre legítima em escola pública.

“O Conselho Escolar elaborou um ofício, novamente, dando ciência a 4ª Ure dos problemas existentes. No ofício, já está subentendido o protesto que vai levar a sala de aula para o ‘meio da rua’, se nenhuma providência for tomada. O documento não foi protocolado ainda porque o órgão está fechado devido ao Covid-19”, relatou Patrick Lee. “Estamos de olho”.

Portal Debate Carajás vai acompanhar o desenrolar das respostas da Seduc

Debate Carajás

 

 

 

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